Operador informa que problema ocorreu com o desligamento automático da linha de transmissão de Quixadá – Fortaleza II
O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) divulgou a versão final do RAP (Relatório de Análise de Perturbação) relativo ao apagão do dia 15 de agosto, que deixou mais de um terço dos brasileiros sem acesso à energia elétrica.
O documento confirma o resultado apresentado aos agentes no dia 25 de setembro e informa que a principal causa do blackout foi a performance em campo dos equipamentos de controle de tensão de usinas eólicas e solares na linha de transmissão de Quixadá – Fortaleza II, no Ceará.
Os dispositivos, que deveriam ter compensado automaticamente a queda de tensão por causa da abertura da linha de transmissão, acabaram tendo um desempenho abaixo do previsto nos modelos usados pelo Operador.
O início do problema ocorreu com o desligamento automático da linha de transmissão 500 kV Quixadá – Fortaleza II, somente no terminal de Quixadá, durante operação normal, provocado por atuação do seu sistema de proteção, sem a incidência de curto-circuito no sistema elétrico.
Observou-se, na sequência, uma abrupta redução de tensão na região, nos sistemas de 230 kV e de 500 kV, a abertura de diversas linhas de transmissão e a consequente separação dos Subsistemas Norte, Nordeste e Acre/Rondônia do restante do Sistema Interligado Nacional (SIN).
A imagem abaixo apresenta o diagrama esquemático da área de origem da perturbação:
A interrupção foi de aproximadamente 23.368 MW de cargas do SIN (Sistema Interligado Nacional), sendo 12.689 MW na macrorregião Norte/Nordeste e 10.680 MW na macrorregião Sul/Sudeste/Centro-Oeste.
De acordo com o ONS, no dia do apagão, foi iniciado o restabelecimento das cargas do subsistema Sul às 8h43min e que foi concluído às 9h05min. No Subsistema Sudeste o restabelecimento iniciou-se às 8h52min e foi concluído às 9h33min
Ao todo, o relatório conta com mais de 614 páginas que detalham desde como o sistema estava sendo operado antes do apagão e o que aconteceu após o início da perturbação. O documento já foi encaminhado à ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Análise
Para a ABDG (Associação Brasileira de Geração Distribuída), o documento final apresentado apenas reforça a necessidade do país seguir com os investimentos em fontes de energia limpa para apagões como os que foram registrados não ocorram mais.
“Como mais de 85% da potência de geração distribuída está junto a carga, esse tipo de acontecimento é minimizado, pois o consumo acontece direto no ponto de geração. Essa é uma das virtudes da geração distribuída, que é não precisar trazer um grande fluxo energético de uma região para a outra, contribuindo para que esse tipo de situação não aconteça”, disse Guilherme Chrispim, presidente da ABGD.
Fonte: Canal Solar
Autor: Henrique Hein
Foto: ONS/Divulgação